sábado, 23 de maio de 2015

ECOLOGIA HUMANA e ESPIRITUALIDADE

Manifestação

Deus se manifestou,
este é o valor da Criação.
A manifestação é afastamento,
o raio permanece intacto.
Deus fez entrar ao Ser
no mais profundo do nada.
E sem duvida, esta escrito:
o mundo não pode ser divino.
O coração quer ser santo
e encontra-se perante a porta de Deus.
Se existe um Paraíso na terra,
esta aqui, esta aqui.
                                                                             Frithjof Schuon


Todo o universo está baseado em um princípio fundamental, ou seja, o da unicidade e da inter-relação entre todas as coisas. Até agora, a ciência e a civilização contemporânea triunfaram dando às costas à inter-relação das diversas partes da natureza, isolando cada segmento dela a fim de poder analisa-lo e dissecá-lo por separado, e chamando a este procedimento de “Ciência” . Agora, devemos enfrentar o fato de que nossas necessidades e as fontes que podem satisfazê-las estão inter-relacionadas com as outras partes da natureza, animadas e inanimadas.
Este principio de que se deve ver o meio ambiente como uma unidade complexa em que tudo está inter-relacionado, só pode ser completo se também abarcar o homem, e os planos psicológicos e espirituais da realidade e, portanto, em último termo a Fonte de tudo quanto existe.
Se a esfera terrestre caiu no perigo da desordem e o caos, é devido precisamente ao fato de que desde há vários séculos o homem ocidental vive como um ser puramente terreno, e trata de desvincular seu mundo terreno de qualquer outra realidade que o transcenda
As atuais considerações ecológicas podem superar algumas das barreiros que criaram os estudos separativistas e compartimentalizados sobre a natureza, mas não podem resolver os problemas mais profundos que envolvem o homem mesmo, porque é precisamente o homem que perturbou o equilíbrio ecológico mediante fatores de caráter não biológicos. A rebelião espiritual do homem contra o Céu contaminou a terra, e nenhuma tentativa de retificar a situação criada sobre a terra pode ter pleno êxito sem que a rebelião contra o Céu chegue a seu fim.


Só a Ecologia Humana, baseada em princípios metafísicos, pode restabelecer a harmonia entre o homem e a terra ao estabelecer em primeiro lugar a harmonia entre o homem e o Céu, entre o homem e o homem e do homem para consigo mesmo, e deste modo transformar a atitude ambiciosa e ávida do homem para com a natureza que é a base da exploração temerária dos recursos naturais, em uma atitude combinada e fundamentada na contemplação, na compaixão e na cooperação. 
O homem é o veículo da graça para a natureza; através da sua participação ativa no mundo espiritual, ele traz luz para o mundo e para a natureza. O homem é a boca através da qual a natureza respira e vive. Devido a intima conexão entre o homem e a natureza, o estado interior do homem se reflete na ordem exterior - no mundo e no meio ambiente.
O homem vê na natureza o que ele mesmo é - e assim pode penetrar no significado interior dela - desde que seja capaz de buscar nas profundezas interiores de seu próprio ser. É a capacidade de perceber a transparência metafísica dos fenômenos. Os homens que vivem na superfície de seu ser, só podem estudar a natureza como algo que tem que ser manipulado e dominado..
Lembremos que a contemplação, que permitiu que o elemento qualitativo e espiritual da natureza, que constitui a fonte da beleza - pois como  dizia Platão "a Beleza é a expressão da Verdade e da Bondade"- pudesse refletir-se nos mais belos jardins japoneses ou persas e nas obras de caráter similar, que estão baseadas em um Conhecimento Tradicional, Espiritual e Universal. Aplicando-se esse conhecimento tradicional como a geografia sagrada e a Geosofia, os chineses, os japoneses,  os persas, os gregos, e os árabes construíram alguns dos mais belos edifícios, jardins e paisagens urbanas imagináveis.
Existe a necessidade de se redescobrir a natureza virgem como fonte da verdade e da beleza, no sentido intelectual mais estrito, e não meramente sentimental. A natureza deve ser vista como uma afirmação e uma ajuda na vida espiritual, e até como meio da Graça. Uma vez mais deverá converter-se em um meio de recordação do Paraíso e do estado de felicidade e beatitude que o homem busca essencialmente e incessantemente.


O redescobrimento da natureza virgem não significa um vôo do homem individualista e prometeico em direção à natureza. Enquanto se encontrar no estado de rebelião contra o Céu, o homem leva consigo suas próprias limitações até quando se volta para a natureza. Estas limitações velam a mensagem espiritual da natureza para ele, ou seja, a transparência metafísica dos fenômenos, não permitindo que ele extraia proveito desta inter-relação .
É deste modo que o moderno cidadão urbano em busca da natureza virgem leva consigo os elementos que a destroem, e como conseqüência destrói ao homem que a está buscando.
O redescobrimento da natureza virgem com a ajuda de princípios Tradicionais, Espirituais e Universais significa uma reunificação do significado simbólico das formas naturais e o desenvolvimento de uma simpatia espiritual para com a natureza, possibilitando a restauração do homem em seu lugar no cosmos.
No plano da ação, isso significa antes de tudo atuar sempre segundo a verdade, de acordo com o princípio da unicidade e da transcendência de todas as coisas.
O homem de hoje necessita  resgatar uma antiga/nova visão de si, da natureza e de sua própria relação com ela para poder sobreviver, inclusive fisicamente. Sendo o homem potencialmente o agente consciente e transformador do ambiente em que vive, - neste mundo moderno, materialista - cultuador da ciência e do progresso - e industrialista  em degeneração -  é necessária uma atitude simples e responsável  para consigo mesmo, no sentido de se conhecer como Ser Humano Consciente e integrante de um Cosmos hierarquizado e Universal realizando o Si Divino a cada respiração de nossa vida.


Assim Ecologia Humana significa o homem curar a si mesmo, para curar o ambiente e a natureza. Curar significa Consciência, equilíbrio, responsabilidade para consigo mesmo, harmonia e respeito de sua função na sociedade e no cosmos, em sintonia com os ensinamentos das grandes Tradições Espirituais da humanidade.
Tudo isto requer a busca da simplicidade da vida, ou seja, educação apropriada, alimentação equilibrada, informação adequada e seletiva,  moradia confortável e viva, saúde consciente, contemplação da natureza, beleza e alegria de viver numa relação harmônica, inteligente e compassiva de ser humano para com ser humano.
Praticando a Oração e a meditação como a grande chave para nos comunicarmos e realizarmos o Divino em sua real Transcendência e Imanência cósmica.
Ações baseadas nestes princípios em um país onde a natureza parece insondável e inesgotável em sua majestosa exuberância, podem e devem ser frutíferas levando a uma real Consciência de nossa presença no cosmos.
A partir disto alguns temas podem ser sentidos, pensados, conversados e implementados como uma forma de contribuir e propiciar a consciência de Ser e o desenvolvimento Espiritual do homem contemporâneo.


* Implantação da Terapias Holísticas Tradicionais ou Terapias Naturais no serviço publico de saúde.
* Desenvolvimento do princípio do cooperativismo, nas escolas e pequenas comunidades.
* Incentivos a pesquisa e aplicação de terapias populares no serviço público de saúde
* Incentivo as pesquisas de contos e lendas populares e sua difusão nas escolas públicas e privadas
* Utilização de técnicos e pesquisadores dos Conhecimentos Tradicionais nos projetos de impacto ambiental.
* Campanhas sobre orientação e utilização de alimentos simples e básicos para a população em geral.
* Resgate de técnicas brandas e simples de edificação, para serem utilizadas pela população de baixa renda.
* Implantação e formação de bibliotecas públicas, em escolas, pequenas comunidades, centros culturais e bairros.
* Implantação e formação de Centros culturais e Artísticos em pequenas comunidades, para criação, pesquisa e difusão dos conhecimentos tradicionais e espirituais da Humanidade, utilizando-se os mais diversos instrumentos como: dança, teatro, música, canto, artes plásticas, etc.
* Respeito a todas as grandes Religiões e Tradições Espirituais reveladas ao homem seja no ocidente ou no oriente.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

O HOMEM NO UNIVERSO



"O HOMEM NO UNIVERSO" livro de FRITHJOF SCHUON



Escrever a resenha de um livro é de certa forma reduzi-lo ou resumi-lo, propiciando ao leitor um esboço, ou melhor, um perfil do que o autor transmite, fazendo todo o possível para não trair o essencial de sua mensagem.

O Homem no Universo do gnostico e filósofo das religiões, suíço Frithjof Schuon, dirige-se a todos aqueles que querem compreender a verdadeira "história" de nossa humanidade, de uma forma inteligente, cativante, intuitiva e bem-informada, baseada nos princípios metafísicos e cosmológicos legados pela Philosophia Perennis. Ou seja, a verdadeira Filosofia enquanto praticada por sábios amigos e amantes da sabedoria, que pensam e se inspiram com o Intelecto/Coração e não somente através da razão. 

Lembramos que é fundamental de nossa parte, enquanto leitores, que quando nos aproximamos da obra de um sábio, na tentativa de compreendê-la e vivê-la, devemos abrir mão na medida do possível dos nossos condicionamentos e preconceitos ideológicos e existenciais, como o único caminho capaz de romper a casca ou a superfície dos fatos, chegando ao verdadeiramente essencial de seu ensinamento. 

Frithjof Schuon, metafísico, estudioso das grandes tradições espirituais e religiosas da humanidade, além de poeta e pintor, como mestre espiritual e sheikh Sufi conhecido como 'Îsa Nour el-din Ahmad, resgatou em uma síntese magistral para o homem dos nossos dias a filosofia real - não discursiva e supraindividual - e a sabedoria universal, que propiciam a busca do Absoluto e da Verdade que o homem sempre almejou. Conhecimento este que foi chamado de Philosophia Perennis e que está presente no núcleo quintessencial de todas as religiões tradicionais reveladas, sejam do Oriente ou do Ocidente.


Alguns já disseram ser Frithjof Schuon da mesma linhagem espiritual e intelectual de um Platão, um Shankara, um Abhivavagupta, um Plotino, um Ibn Arabi ou um Mestre Eckhart. Sua obra tem, de fato, uma dimensão impressionante: ao longo de seus 90 anos de vida (ele nasceu em Basiléia, Suíça, em 1907, e faleceu em Bloomington, EUA, em 1998), Schuon escreveu 23 livros e mais de 3000 poemas, que tratam de arte, metafísica, filosofia, religiões, espiritualidade, povos tradicionais, mundo moderno e, fundamentalmente, o que a condição humana sempre almejou: a busca do Bem, do Belo e da Verdade.

Um breve esboço da cada capitulo pode nos ajudar a ter um panorama deste belo livro.

Visões dos Mundos Antigos traz duas idéias chaves que dominam a existência dos povos antigos, as de Centro e de Origem, princípios que distinguem as civilizações tradicionais focadas na idéia do Sagrado como a medieval, a budista, a hindu ou a islâmica, do mundo moderno secularista. Em breves pinceladas o escritor nos apresenta as noções de cosmologia e escatologia dos mundos tradicionais. De uma forma inédita dimensiona a função do gênio étnico nos seus mais diferentes aspectos criativos. Explica também os critérios gerais da arte tradicional.
Outro tema importante desenvolvido, é a relação do homem com os rigores da existência, fato totalmente aceito nos tempos antigos, e que o homem coletivo e moderno - que é sempre uma fera - se nega a aceitar. Isto propicia o relaxamento dos costume de uma forma total, principalmente no mundo moderno em que vivemos, daí a importância e o papel das religiões neste contexto.
A verdadeira nobreza expressa através do antigo cavaleiro, era e é a manifestação cotidiana de um arquétipo celeste que os homens deveriam refletir. A "mundaneidade" sempre foi uma anomalia nas sociedades tradicionais, pois todo homem seguindo sua vocação pode se superar na busca da contemplação do Absoluto, vivendo em uma antecâmara do Céu.
O autor pontua que uma sociedade não representa nenhum valor por si mesma ou pelo simples fato de sua existência, daí a importância das virtudes espirituais e normas religiosas como meios e suportes para que todo mundo humano possa se aperfeiçoar, já que nenhum mundo é perfeito.
Queda e Decadência aborda as profundas implicações do ateísmo contemporâneo. Trata da objetividade do homem antigo e medieval e da passagem do "objetivismo" ao "subjetivismo", que ocorreu com o Renascimento, a Reforma e a Revolução. Os antigos viviam "no espaço" e a mentalidade moderna reduziu tudo a categorias temporais. A ciência moderna é o maior exemplo da perda do equilíbrio espacial característico das civilizações contemplativas. O principio das revelações e das religiões em todas as épocas e países, propiciou a referência fundamental para o desenvolvimento de uma ciência e de uma arte. Em contrapartida a ciência moderna apresenta-se no mundo moderno como o principal e único fator da verdade, gerando a tentativa de ferir de morte a religião. Isto se traduz em uma revolta contra o julgamento Divino, afirmando-se  de maneira atroz que "Deus esta morto". O homem moderno, negando esse milagre inicial que é o fato de existir, se move no mundo como se a Existência não fosse nada ou como se ele a tivesse inventado, atolado na mística do nada e da angustia e iludido com os falsos absolutos em todos os planos. A questão é saber quando confrontado o mundo moderno com as civilizações tradicionais, de qual lado esta o mal menor.


O autor nos lembra que no homem fragmentado e marcado pela queda, a ação anula a contemplação, pois a queda faz parte do processo de manifestação ou Teofania universal. E também da importância de compreendermos que todo processo cosmogonico se reencontra de uma maneira estática no homem, que deve buscar as virtudes e a graça, permanecendo na consciência da santa infância. Discute finalmente as profundas implicações do ateísmo contemporâneo.
Diálogo entre Helenistas e Cristãos aponta com precisão os fatores de convergência  entre a sabedoria cristã e a dos gregos ponderando que, historicamente, o encontro entre estas duas correntes tradicionais constitui um falso dialogo, pois trata-se de uma confrontação entre dois monólogos. Tudo não passa de profundos mal entendidos, ou melhor de uma disputa entre um canto de amor ( simbolicamente representando a perspectiva cristã) e um teorema de matemática( a sabedoria grega ). O entendimento fundamental é entre a gnosis de São Paulo (historicidade do Cristo Salvador) e a posição dos platônicos ( a natureza mesma das coisas). O autor esclarece e compara os ensinamentos de Pitágoras, Platão e Aristóteles, denunciando o preconceito evolucionista de abordar o pensamento grego. Pois para compreendermos a reação cristã, temos que levar em conta todos os aspectos do pensamento grego. Será que os Helenistas rechaçam ao Cristo dos gnósticos (não os sincretistas dos primeiros séculos, mas os adeptos da via sapiencial), que é aquele que é "antes que Abraão fosse"? 
Xamanismo Pele-Vermelha  faz um brilhante apanhado do legado espiritual do índio americano, afirmando que não existe nenhuma razão para duvidar-se do aspecto "monoteísta" da tradição dos índios, que distinguem entre o demiurgo e o Espirito Supremo, Wakan Tanka; pois para eles não existe creatio es nihilo e sim transformação, pois todas as coisas são animadas ( possuidoras de alma ). Define o xamanismo como a tradição espiritual própria dos mongólicos. Também demonstra todo o simbolismo tradicional contido na cosmologia dos índios peles-vermelhas e nos seus ritos fundamentais como, o rito do Calumet ( cachimbo sagrado ), a Cabana de Suar, a Invocação Solitária e a Dança do Sol. Aponta a diferença entre a magia comum e a magia cósmica dos Xamãs. Mostra como natureza virgem tem uma importância espiritual fundamental que marca o ato heróico, silencioso e contemplativo do Índio das Planícies e dos Bosques. Finaliza com a importância de bem compreendermos o destino abrupto deste povo índio, sem desculpar nenhum caso de vilania dos quais foi vitima. Pois de fato ocorreu uma destruição consciente, calculada, metódica, oficial - e de nenhuma maneira anônima - da raça vermelha.  
Nos Rastros de Mâyâ , o mais explicitamente metafísico e denso dos ensaios, mostra que o conceito de Mâyâ não significa somente "ilusão universal" mas também "jogo divino" ou "desvelamento" de Deus. Fundamentado na doutrina tradicional do Vedanta Hindu, o autor expõe magistralmente o "por que" e o "como" da projeção do "jogo divino" e sobre o lado ininteligível e absurdo de Mâyâ, que para alguns é inexplicável. Também aponta a diferença entre a perspectiva metafísica ou sapiencial e as teologias monoteístas ou ontológicas. Neste sentido, sendo o homem uma imagem reduzida do desenvolvimento cósmico, qual é sua missão, senão a reintegração através da manifestação, ou seja, a introdução do Absoluto no relativo.  
Reflexões sobre a Ingenuidade mostra que o meio mais simples e óbvio de nos elevar-nos, é acusar aos que nos precederam de ingênuos. Se entendemos que ser ingênuo é a capacidade de ignorar a dissimulação e os subterfúgios sendo direto e espontâneo, os povos antigos então o eram, ao inverso dos modernos que são sem inteligência, desprovidos de senso critico e abertos a todos os enganos. Pois a grande ingenuidade do "homem do nosso tempo" é tomar o mundo sensível como o único mundo, desconsiderando a dimensão anímica, postura essa, fruto dos estragos do cientismo (culto da ciência) e da psicologia moderna em particular. En nossos dias todo mundo quer parecer inteligente e esperto, mas nada é mais simplista do que esta pretensão de tudo começar do zero; de qualquer modo, por todas as partes existe ingenuidade e sempre existiu, pois a formulação mais "simples" e "ingênua" -  para o homem moderno - pode ser a chave para o conhecimento profundo e total.


 O Homem no Universo indica a posição metafísica do homem no universo total, ou seja, para além dos estreitos limites do mundo material.  " A ciência moderna nada pode dizer sobre nossa localização extra espacial no Universo total e real." Esta ciência moderna ignora em que lugar estamos do nosso espaço existencial e o que é a inteligência. Deus é a mais ofuscante das evidências - Causa primeira e Ilimitada - e está presente em todos os fenômenos, sendo este o mistério do simbolismo tradicional. O autor responde de forma simples e brilhante o que é o ego. Aponta caminhos para sairmos do atoleiro da existência terrestre, pois somente o Intelecto ou a crença religiosa pode romper a "camada de gelo" que nos cobre. Como a Bondade esta na substância do Universo, ela propicia através da infinita Misericórdia Divina que tudo penetra e vivifica a paz ao homem. Como o sábio vê as coisas e o mundo fenômenico, é outra das questões respondidas, pois é só quando o homem esta em busca de sua estrela, que ela será encontrada e libertada na oração e na virtude.  
Universalidade e Atualidade do Monaquismo mostra, o caracter universal do fenômeno de afastamento do mundo em vista da espiritualidade, demonstrando o denominador comum existente entre os diferentes monaquismos do Oriente e do Ocidente; pois monaquismo não é mais do que nosso encontro com a solidão real que vivemos do nascimento à morte. Pelo fato do dessacralizado mundo moderno não compreender que o monaquismo não é só uma questão de "vocação", reprova a atitude do contemplativo de sair do mundo e buscar refugio em Deus. O autor esclarece como isto se aplica as diferentes tradições religiosas como o Islamismo e o Budismo, iluminando a confusão que se faz entre o sincretismo e o ecletismo.  O monaquismo se apresenta como instrumento perfeito contra o preconceito da ciência e do social, geradores do materialismo ateu, pois coloca o homem em contato com suas raízes Divinas e Metafísicas, que apontam para as únicas três grande certezas da vida temporal do homem: a Morte, o Juízo e a Vida Eterna. Daí o autor, vai além da vida dos monges, apontando que o homem espiritual em geral, mesmo em meio à vida no mundo pode se voltar para o Divino.
Chaves da Bíblia apresenta as referencias que temos de buscar para compreendermos sua natureza e sentido essencial enquanto Escritura Sagrada. Aponta a necessidade de se estudar os comentários rabínicos, cabalísticos, patrísticos e místicos. Relembra a maneira de acessarmos os quatro sentidos de todo texto sagrado (literal, histórico, moral e espiritual). Mostra que as duas grandes chaves para o real entendimento da Bíblia são: o Simbolismo e a Revelação.


Religio Perennis realiza de certo modo uma síntese essencial da visão de Frithjof Schuon sobre a religião em si e as diversas religiões. Partindo de que as coisas terrestres nunca são proporcionais a extensão real de nossa inteligência, mostra que a função da inteligência é o discernimento metafísico entre o Real e o ilusório, propiciando através do discernimento e da concentração o desenvolvimento da consciência no Real. O autor define a Religio Perennis pelo fato de que o Real entrou no ilusório a fim de que o ilusório possa voltar ao Real. Esta não é uma "nova religião", trata-se tão somente daquela sabedoria e pratica essenciais subjacentes aos diferentes patrimônios espirituais da humanidade.
A isto tem que se acrescentar os critérios da ortodoxia intrínseca para toda religião e espiritualidade, como no Cristianismo, no Islamismo e no Budismo; pois as "provas" de Deus e da religião estão no homem mesmo. Encerrando este livro o autor revela que uma civilização só é integral e sadia na medida em que se fundamenta sobre a "religião invisível" ou "subjacente", a Religio Perennis.  
O HOMEM NO UNIVERSO se constitui assim numa autêntica "pequena grande obra", com certeza de um dos maiores sábios e visionários do século XX, pois como Platão, acreditava que Saber é Ser.